FILOSOFIA
A busca pela verdade e a origem do conhecimento
Conhecimento Mítico (Mitos):
Antes do surgimento da Filosofia os primeiros grupos humanos (tribos, sociedades, civilizações) elaboraram um conjunto de explicações sobre a realidade (mundo, vida, etc), essas primeiras narrativas hoje são chamadas de conhecimento mítico ou simplesmente mitos. Mas o que são mitos?
- Em diferentes civilizações, as primeiras buscas de respostas convincentes resultaram no surgimento de mitos;
- Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais, (o que é a vida? O que é o raio? O que é a morte? O que é o dia a noite?...)
- Sua função era explicar o mundo, construindo um saber que permitisse ao homem um pouco mais de poder e controle sobre as coisas a sua volta;
- Os mitos foram elaborados pelas primeiras tribos humanas e as primeiras civilizações, mas ainda subsistem em nossas sociedades
- A verdade do mito NÃO obedece a lógica nem da verdade científica, nem da verdade empírica;
- É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita (é aceito pela fé, pela crença);
- O mito não é uma mentira, pois é verdadeiro para quem vive (para os membros daquela comunidade/sociedade);
- A narração de determinada história mítica é uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o qual a afetividade (sentimento), a imaginação (fantasia) e a crença (fé) exercem grande papel;
DEFINIÇÕES DE MITO
→ as viagens marítimas , que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
→ a invenção do calendário , que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
→ a invenção da moeda , que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
→ o surgimento da vida urbana , com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a Filosofia poderia surgir;
→ a invenção da escrita alfabética , que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas -como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses -, supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
→ a invenção da política , que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia:
1.A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade -da polis -servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2.O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi -los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional , valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3.A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia.
-
- Sistema de explicação fantasioso do mundo, expresso em narrativas fabulosas;
- Conjunto de narrativas e ritos de um povo que explicam e dão sentido ao mundo;
- Histórias sagradas sobre o surgimento de tudo que existe;
Resumindo
- Mitos são EXPLICAÇÕES baseadas na imaginação e sentimentos dos primeiros seres humanos diante dos fatos e fenômenos da natureza;
- Mitos não são mentiras para a sociedade que os criou ou aceitou (são histórias que explicam o surgimento de algo, ou que ensinam como devemos agir...);
- Mitos não são Lendas, pois cada lenda surge isoladamente uma da outra e não precisam explicar o sentido ou origem de algo. Os enredos (histórias) dos mitos sempre se entrelaçam formando mitologias e sempre trazem algum ensinamento ou mensagem.
- Narrativas míticas superam as próprias contradições a partir do mistério (fé, crença)
Conhecimento Filosófico(Logos-Razão):
- A Filosofia surge na Grécia antiga no final do séc. VII início do séc. VI a.C;
- A Filosofia surge como substituição para as explicações míticas (mitológicas) que já não eram completamente aceitas;
- A mitologia grega era um conjunto de explicações fantasiosas sobre o mundo e seus fenômenos, a Filosofia surge como uma explicação RACIONAL para o mundo e seus fenômenos;
- Mitologia= Narrativa (Explicação) imaginária sobre o mundo
- Filosofia=Explicação Racional (lógica) sobre o mundo
Condições Históricas para o nascimento da Filosofia
O que tornou possível o surgimento da Filosofia na Grécia no final do século VII e no início do século
VI antes de Cristo? Quais as condições materiais, isto é, econômicas,
sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da
Filosofia? Podemos apontar como principais condições históricas para o
surgimento da Filosofia na Grécia:
→ as viagens marítimas , que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
→ a invenção do calendário , que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
→ a invenção da moeda , que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
→ o surgimento da vida urbana , com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a Filosofia poderia surgir;
→ a invenção da escrita alfabética , que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas -como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses -, supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
→ a invenção da política , que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia:
1.A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade -da polis -servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2.O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi -los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional , valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3.A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia.
PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA
A História da Filosofia, como toda divisão cronológica, é uma opção
arbitrária de quem estabelece os pontos de ruptura para justificar as
separações entre um período e outro. É claro que esta "arbitrariedade"
está sustentada em algum princípio que permite aproximações entre temas,
características e proposições dos autores. Neste caso, as periodizações
da História da Filosofia devem ser buscadas nos critérios de quem as
fez, mais do que nas relações dos próprios filósofos, que ao escreverem e
muitas vezes dialogando com textos de antepassados não estavam
preocupados em pertencer a um período específico.
As caracterizações de um determinado período são úteis para uma
sistematização didática, mas como toda caracterização, ao mesmo tempo em
que dá identidade e especificidade ao período que está sendo
caracterizado, também serve para simplificar e reduzir um determinado
pensamento ao período em que ele surge. Falar de características do
pensamento filosófico de uma época é uma forma de encobrimento das
diversidades que existem, mas ao mesmo tempo, a procura por estas
características nos auxiliam na identificação da abordagem filosófica. Uma possível divisão é a seguinte:
Iº Mitologia
IIº Filosofia Antiga (séc. VI a.C - VI d.C)
IIIº Filosofia Medieval (séc. I d.C - XIV)
IVº Filosofia Moderna (séc. XIV - XVIII)
VºFilosofia Contemporânea (séc. XIX ...)
Iº Mitologia
Período
anterior ao nascimento da Filosofia, porém condição para que a
Filosofia viesse a aparecer. Predominam explicações mágico-fantasiosas
para o mundo e seus fenômenos. Essas explicações eram transmitidas em
formas de histórias que narravam os acontecimentos dando-lhes sentido e
produzindo significado, assim como norteando comportamentos e ações.
A Filosofia Antiga refere-se a um grupo diversificado e que se localiza desde o século VI a.c. na Jônia até os primeiros tempos da era cristã. Pela dimensão temporal podemos localizar temáticas díspares que são sistematizadas neste mesmo grupo. Entre estes grupos estão:
- Período pré-socrático ou Cosmológico (séc. VI a.C - V a.C)
- Período socrático ou Antropológico (séc. V a.C - IV a.C)
- Período sistemático (séc. IV a.C - III a.C)
- Período helenístico ou greco-romano (séc. III a.C - VI d.C)
- Período pré-socrático ou Cosmológico (séc. VI a.C - V a.C)
Principais Filósofos Pré-Socráticos
Segue abaixo os principais filósofos do período pré-socrático:
- Tales de Mileto (624 a.C.-548 a.C.): nascido na cidade de Mileto, região da Jônia, Tales acreditava que a água era o principal elemento, ou seja, era a essência de todas as coisas.
- Anaximandro de Mileto (610 a.C.-547 a.C.): discípulo de Tales nascido em Mileto, para Anaximandro o princípio de tudo estava no elemento denominado “ápeiron”, uma espécie de matéria infinita.
- Anaxímenes de Mileto (588 a.C.-524 a.C.): discípulo de Anaximandro nascido em Mileto, para Anaxímenes o princípio de todas as coisas estava no elemento ar.
- Heráclito de Éfeso (540 a.C.-476 a.C.): considerado o “Pai da Dialética”, Heráclito nasceu em Éfeso e explorou a ideia do devir (fluidez das coisas). Para ele, o princípio de todas as coisas estava contido no elemento fogo.
- Pitágoras de Samos (570 a.C.-497 a.C.): filósofo e matemático nascido na cidade de Samos, para ele os números foram seus principais elementos de estudo e reflexão, do qual se destaca o “Teorema de Pitágoras”.
- Xenófanes de Cólofon: (570 a.C.-475 a.C.): nascido em Cólofon, Xenófanes foi um dos fundadores da Escola Eleática, se opondo contra o misticismo na filosofia e o antropomorfismo.
- Parmênides de Eléia (530 a.C.-460 a.C.): discípulo de Xenófanes, Parmênides nasceu em Eléia. Focou nos conceitos de “aletheia” e “doxa”, donde o primeiro significa a luz da verdade e o segundo, é relativo à opinião.
- Zenão de Eléia (490 a.C.-430 a.C.): discípulo de Parmênides, Zenão nasceu em Eléia. Foi grande defensor das ideias de seu mestre filosofando, sobretudo, acerca dos conceitos de “Dialética” e “Paradoxo”.
- Demócrito de Abdera (460 a.C.- 370 a.C.): nascido na cidade de Abdera, Demócrito foi discípulo de Leucipo. Para ele, o átomo era o princípio de todas as coisas, desenvolvendo assim, a “Teoria Atômica”.
- Empédocles (490 a.C.- 430 a.C.) foi um filósofo e pensador pré-socrático grego e cidadão de Agrigento, na Sicília. É conhecido por ser o criador da teoria cosmológica dos quatro elementos (água, terra, fogo e ar) que influenciou o pensamento ocidental de uma forma ou de outra, até quase meados do século XVIII. Ele também propôs poderes chamados por ele de "Amor" e "Ódio" que atuariam como forças que tanto podem formar elementos quanto separá-los.
2. Período socrático ou Antropológico (séc. V a.C - IV a.C)
Época da vida de Sócrates em Atenas
Sócrates de Atenas(470 a.C – 399 a.C):
· Sócrates é considerado um marco de divisão da
filosofia;
· Considerado por muitos, pai da filosofia (por
sua importância)
· Começou filosofar em público em idade adulta;
· Não escreveu nada, tudo que se sabe a seu
respeito foi escrito por seus discípulos principalmente Platão e Xenofonte;
· Seu método de filosofia era dialógico,
ou seja, por meio de diálogos;
· Dialogava com os cidadãos atenienses
independente de sua condição social (aristocratas, artesãos, escravos,
estrangeiros...)
· Segundo Sócrates o que há de mais importante para conhecer é o ser humano, o próprio homem (antropos = homem, em grego), por isso o período socrático também é conhecido como período antropológico (reflexão/estudo sobre o homem/ser humano);
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